19 maio 2005

Como vai você?

Diz-se na sabedoria popular: “sócio, temos por que precisamos, não porque queremos”. Quando não temos condições de tocar um negócio sozinhos, seja por falta de recursos financeiros ou tecnológicos, somos obrigados a buscar alguém que complete esta lacuna. Dessa forma, essa pessoa nos dará, em troca da sociedade, aquilo que nos falta em termos de recursos. Mas, para o brasileiro essa solução é um pouco mais complicada, pois já temos um sócio (nada invisível) que nos arranca mais do que 1/3 do que produzimos, como empresários ou assalariados. É um sócio compulsório, você não o escolheu nem precisou dele. Com esse sócio de apetite insaciável plantado dentro do seu quintal, como você ainda vai dividir o que restou, se é que restou, com um terceiro? Como é que você vai buscar recursos externos, de mãos vazias?
Discute-se hoje (e sempre) os "esforços" do governo para a aprovação da reforma da previdência e da reforma tributária. Mas falta explicar aos transeuntes do que se está realmente falando. Vamos então, falar um pouco sobre a carga tributária brasileira e o que ela representa nos nossos bolsos. Depois, se você conseguir, busque informações das reais propostas da reforma e veja se resolvem o seu problema.
Segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (www.tributarista.org.br) a carga tributária brasileira em 2002 atingiu 36,45% do PIB. No México, só para citar um país latino americano, não passa de 28,8%.
Isso quer dizer que você trabalha desde o início do ano até o mês de maio só para pagar impostos. Certos estão os baianos que neste período fazem um longo carnaval.
Entre 1986 e 2002 essa mesma carga tributária cresceu 536,04% (e o seu salário?). A carga tributária per capita, que em 1993 era de R$ 400,51, passou para R$ 2.723,26 em 2002. Ou seja, cada brasileiro paga hoje quase sete vezes mais impostos do que há 10 anos atrás. Lindo não?
Os impostos representam hoje 47% do preço da carne, 29% da dúzia de ovos e 43% do preço do pão. Você sabia que está em processo um aumento na carga tributária? É, estão querendo aumentar a tributação sobre os prestadores de serviços.
Tamanha arrecadação deveria se refletir em boas escolas públicas, atendimento médico gratuito de qualidade e segurança para a população. (Fernandinho Beira-mar agradece. Aliás, quando da sua prisão os Estados Unidos queriam levá-lo para lá. Brigamos para trazê-lo para o Brasil, e agora, os governadores brigam para que o “querido cidadão” não permaneça em seus estados).
Estradas virtualmente destruídas, apesar do IPVA abusivo e dos radares espalhados por todos os lados, dificultam o escoamento da produção e encarecem o produto final.
São números impressionantes que mostram o tamanho da boca do Leão, mas não mostram felicidade em seu reino. Tudo isso para cobrir a sempre crescente necessidade de caixa do governo. Sem que nos dê absolutmente nada em troca (exceto mais impostos). Uma analogia simples para explicar esse apetite do governo por uma arrecadação cada vez maior, seria o da piscina que precisa ser mantida cheia, mas que tem um buraco no fundo por onde vaza a água. Em vez de consertar o buraco no fundo da piscina reduzindo ou adequando seus gastos, abre cada vez mais a torneira (arrecadação) aumentando os impostos.
Segundo o Banco Mundial (www.bancomundial.org.br) , o Brasil com um dos maiores PIB do mundo (entre os 10 maiores), não passa da 79º posição quando analisado o Índice de Desenvolvimento Humano. By the way o IDH do Chile é o 34º.
Quanto esforço é perdido ao se desviar, através dos impostos, recursos do setor produtivo para a ineficiente máquina estatal?
E você, como vai?

Nenhum comentário: