06 janeiro 2008

Ao considerarmos o nervosismo do mercado financeiro mundial frente ao bom momento da economia brasileira podemos ficar tranqüilos?

Essa pergunta, seguramente vale um milhão de dólares!
O mercado financeiro internacional permanece instável por conta do problema do crédito imobiliário americano, as chamadas sub-primes (que já discutimos em artigo anterior). Parece que ninguém é capaz ainda, de dimensionar o tamanho do problema que já começa a sinalizar a possibilidade de uma estaginflação da economia norte-americana. A maior economia do planeta tem o poder de arrastar atrás de si, para o bem ou para o mal, todos os demais. Alguns mais outros menos, dependendo do grau de relacionamento de cada país com os Estados Unidos. No que diz respeito ao mercado financeiro, é inexorável que o Brasil sofra de alguma forma os reflexos de uma crise na economia norte-americana.
A Bolsa de Valores de São Paulo, através de seu índice Ibovespa (IBOV), é o termômetro das expectativas dos investidores. Mas, o capital estrangeiro não tem representado mais do que 10% do total movimentado nos pregões. Nas mais recentes crises o IBOV tem caído em média de 9 a 10%. Na última, em agosto, chegou a 12%. Quanto disso é realmente revoada de capital estrangeiro, capital nacional e quanto é "efeito manada" é difícil precisar. Mas, até então, em 30-45 dias em média, o índice retorna aos níveis anteriores e retoma o crescimento. É importante lembrar que: SEMPRE alguém está ganhando o que outro está perdendo.
O capital especulativo procura as melhores remunerações sob os menores riscos. Nesse aspecto o Brasil tem se mostrado bastante atrativo, pois reúne altas taxas de juros, que remuneram esse capital de forma bastante interessante, com uma economia e um cenário político estável.
A revista inglesa The Economist (que infelizmente você pode comprar em qualquer banca de jornal do Rio ou São Paulo, mas não em Goiânia) de 24 de novembro último, aborda o tema dos modelos de previsão econômica. Esses modelos, fundamentalmente matemáticos, têm como ponto forte trabalhar com dados históricos. Ou seja, dados que expressam o que realmente aconteceu. E como ponto fraco a premissa de que os agentes econômicos tomam suas decisões de forma racional. Ou seja, você vai comprar uma TV que é mais adequada às suas necessidades e não aquela que é mais bonita (sic), ou que tem recursos que você nunca vai usar ou nem entende. Dessa forma, como apostar suas fichas em um modelo que não consegue capturar a realidade dos fatos? Na verdade, estamos procurando aprender a tomar decisões baseadas em informações imperfeitas. Em outras palavras, estamos desenvolvendo novas formas de modelagem que nos permitam predizer decisões irracionais com maior precisão. Complicado? É mesmo!
Mas, voltando a nossa pergunta inicial, podemos ou não ficar tranqüilos diante desse cenário?
1. Existe sim, uma crise internacional, capitaneada pela economia norte-americana. Que só para dar uma idéia, é 12 vezes maior do que a economia brasileira. O Banco de Investimentos Merryll Lynch divulgou relatório onde avalia que as chances de recessão na economia norte-americana passaram de 75% no último relatório para 100% no atual.
2. A Economia brasileira está em um de seus melhores momentos em termos macroeconômicos.
3. O grau de abertura (exportações + importações / PIB) de nossa economia vem crescendo ano a ano. O que aumenta nossa exposição ao risco. Mas, tem sido contrabalançado com o desenvolvimento do mercado doméstico.
4. Estamos diante de informações imperfeitas. Ninguém sabe o tamanho do problema.
Uma das maiores ameaça que pode haver no sistema financeiro está na cabeça das pessoas. Grandes ameaças podem gerar pânico e este o temível “efeito manada”. Saem todos correndo sem direção. Boatos podem quebrar instituições em momentos de pânico. Na verdade, nesse caso, vemos as autoridades financeiras precisando o tamanho do problema por dois motivos possíveis: Ou não sabem realmente, ou temem gerar pânico. Mas, as ações comitentes dos diversos bancos centrais demonstram tão somente a seriedade da questão.
Risco é parte de qualquer negócio. Um bom empreendedor vê no problema uma oportunidade. Se o problema é segurança, desenvolva e venda esse produto! O Brasil tem em suas mãos a melhor oportunidade de sua história, para dar finalmente um passo em direção à grandeza. Chega de mediocridade, chega de pensar pequeno. Somos a 6ª economia do mundo e devemos conduzir nossos assuntos sob esta ótica.
Gastos do tamanho do bolso (disciplina fiscal), ou de nossa capacidade de alavancagem. Balança Comercial mais diversificada (menos concentrada em EUA e Europa). Aliadas a taxas de crescimento que demonstrem uma economia dinâmica e distribuição de renda que sinalizem a sustentabilidade de todo o processo de desenvolvimento sócio-econômico são o nosso produto - segurança. Eis aí a oportunidade!
Há ameaças? Sim, mas lembre-se que alguém vai tirar vantagem disso. Que seja você!

Feliz Natal e um Ano de Paz e Prosperidade!
Que Deus abençoe o nosso Brasil!