06 julho 2010

INVESTIR OU NÃO INVESTIR, EIS A QUESTÃO

Desculpem mas não fui eu quem inventou mais esse neologismo. Pigs (ironicamente significa porcos em inglês) é uma corruptela para Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha (Spain em inglês), e não foi a toa que foi criada. Em contraponto aos Bric’s – Brasil, Rússia, China e Índia, que representam os emergentes da vez. Os Pigs não são nenhuma referência à prosperidade de suas economias, mas às ameaças que representam à estabilidade mundial.
Nos últimos dias, ouvimos notícias de queda da bolsa, alta do dólar, para logo em seguida alta da bolsa, queda do dólar e por aí vai...Como lidar com mudanças tão fortes e repentinas dentro desse curto espaço de tempo¿ Vamos por partes.
O mercado está agudamente volátil e incerto. Volatilidade a parte, os fundamentos macroeconômicos que explicam a crise permanecem aí. Digo volatilidade à parte, porque grande parte atende à interesses dos que operam no mercado especulando e ganhando. Como já disse diversas vezes, não existe essa estória de todos perdem – se alguém perde alguém ganha. E, correções acentuadas atendem bem aos tubarões do mercado financeiro. E o mercado é imperioso e indiferente a questões morais e do bem-comum. O mais forte leva!
Os objetivos macroeconômicos perseguidos pelas economias mundiais são crescimento do produto e do emprego, estabilidade de preços e transações externas. E, os instrumentos de política econômica as já conhecidas políticas fiscal, monetária, cambial e política de rendas. O problema com essa crise é que ela está concentrada na Europa, e os países da União Européia - UE, não dispõem individualmente de grande parte do arsenal para essa batalha. Esses instrumentos macroeconômicos ficam seriamente enfraquecidas pela estrutura da EU que demanda ações em bloco. Mais do que isso, as políticas monetárias e cambiais ficam inviáveis para as necessidades de ações independentes para cada país. Juntaram em um mesmo saco, nações ricas e socioeconomicamente resolvidas com nações ainda com grandes desequilíbrios internos. Restam assim, as tão famigeradas políticas de austeridade fiscal, que têm seus resultados restritos ao médio-longo prazo. Afinal atacar o déficit fiscal via redução das despesas correntes do Estado não é das tarefas mais fáceis. Reduzir a folha de pagamentos, benefícios aos funcionários públicos, congelar salários e apertar os aposentados não goza de simpatia pública nem apresenta resultados no curto prazo.
Então como esperar resultados imediatos para ações de prazo mais elástico¿ Talvez isso explique a facilidade com que os especuladores operem o mercado com ganhos extraordinários no curtíssimo prazo – alta volatilidade. As autoridades monetárias começam a anunciar medidas drásticas e a expressar expectativas de “circuit breaker” ou mesmo determinando a interrupção de operações especulativas de maior risco como vendas a descoberto.
De todas as idéias até então apresentadas, a que nos parece mais consistente, é a de imputar o prejuízo ao causador do mal. É claro que não se pode deixar o sistema financeiro quebrar, a ajuda é necessária. Entretanto, se os bancos foram pródigos com o dinheiro alheio, que paguem a conta.
Nesse momento de extrema fragilidade, um conflito com aroma nuclear, entre as Coréias só faz aumentar as incertezas e gurus do apocalipse pipocam na mídia com projeções de colapso eminente. Essas figuras, que vivem da ignorância e do medo alheio, em nada colaboram, muito pelo contrário, são combustível para esse fogo fácil.
Na verdade, devemos deixar as discussões sobre a verdadeira causa da crise e possíveis soluções para acadêmicos e técnicos. A nós interessa apenas saber como tudo isso afeta nossos interesses. Como ficam nossos investimentos, atividades e projetos.
É preciso esquematizar nosso próprio cenário de recursos e objetivos. Em primeiro lugar, avalie sua disponibilidade e necessidades. Se a disponibilidade é apenas de curto prazo – menor que três anos, fuja da renda variável. Não consigo entender, como instituições sérias, lançam no mercado, prognósticos de crescimento com até duas casas decimais de precisão. Se não é possível no macro, no agregado, como fazê-lo no micro¿
No momento, não é possível fazer qualquer previsão séria para o mercado de ações com resgate menor do que três anos. Nesse caso, o mercado de moedas, se você tiver estomago de aço, ou uma boa estrutura de apoio por trás, é a opção que oferece as maiores possibilidade de ganho. Mas atenção ao risco desse investimento!
Para disponibilidade entre três e cinco anos, um investimento mais balanceado com fundos multimercados é o mais recomendado. Ainda assim, observe os riscos – sempre!
Finalmente, para investimentos de longo prazo, principalmente se você for capaz de fazer aportes freqüentes e constantes, preferencialmente mensais, a atual queda das bolsas é uma excelente oportunidade de investimento. Uma vez que a cada queda o mesmo valor adquire mais papéis. É o que chamamos no mercado de “dólar cost average”.
Mas lembre-se, não existe investimento sem riscos e os retornos são diretamente proporcionais aos riscos – quanto maior o retorno, maior o risco. Assim, quando lhe oferecem altos retornos a baixo risco desconfie.

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