28 outubro 2009

IOF SOBRE INVESTIMENTO EXTERNO DE CURTO PRAZO

Diante da decepcionante notícia de que o Mantega resolveu taxar a entrada de capital externo de “curto prazo”, como especulativo e nocivo para economia. Gostaria de contar uma pequena estória que considero bastante ilustrativa para o caso:
Um gringo chega à um pequeno hotel de uma pequena cidade do interior e pede um quarto. O dono e atendente do hotel lhe informa que a diária é de R$ 50,00. Prontamente o gringo entrega uma nota de R$50,00 ao proprietário e sobe para o quarto. Imediatamente o dono do hotel corre à lavanderia e entregando a nota de 50 diz ao tintureiro:
eis aí o que lhe devia liquide minha dívida, e vai embora.
Em seguida o tintureiro, de posse da nota de 50 corre à farmácia e entregando-lhe a nota diz ao farmacêutico:
eis aí a minha dívida com você, liquide a minha pendência por favor, e vai embora.
Da mesma forma o farmacêutico corre à quitanda e entregando a nota de 50 diz ao quitandeiro:
vim pagar minha dívida, liquide-a por favor.
Finalmente, o quitandeiro corre ao hotel e entregando a nota de 50 ao dono do hotel diz;
vim pagar a diária que lhe devia, favor liquidar minha conta.
Logo em seguida, o gringo desce do quarto e diz ao dono do hotel que não ficaria mais hospedado e que iria embora. O dono do hotel lhe devolve os R$50,00 com o que ele vai embora da cidade.
Essa estória ilustra o que chamamos em economia de Velocidade de Circulação da Moeda, que em outras palavras pode expressar o grau de dinamismo de uma economia.
Agora, prezado leitor me responda:
1.Que mal fez o dinheiro do gringo para essa cidade?
2.Que diferença faz para a cidade a origem do dinheiro?
3.Se o prefeito avisasse ao gringo que ele seria taxado antes de entrar na cidade, isso traria bons resultados para a mesma?
4.O que o prefeito vai fazer com essa pretensa nova arrecadação, você sabe?
5.A economia da cidade está MUITO dinâmica e não queremos isso? Gringos go home?
6.Ou a fome arrecadatória desse Leviatã fica a espreita de qualquer oportunidade que justifique mais uma forma de colocar uns trocados nas mãos de gestores de ocasião?
7.A quem interessa isso? A cidade e aos seus endividados cidadãos é óbvio que não.
8.Quer dizer que a nossa competitividade internacional está atrelada ao cambio? Não é uma exorbitante carga tributária que torna nossos produtos exportadores de impostos? Alguns poderia dizer que isso não é verdade pois há isenção fiscal dos produtos para exportação. Entretanto, não é difícil verificar, e qualquer exportador pode testemunhar isso, que essa isenção é ineficiente na desoneração do efeito cascata que ocorre na estrutura tributária brasileira. Tratar a atual alta apreciação pelo real como responsável pela perda de competitividade do produto nacional (na extinção quase que completa das margens de lucro do exportador) é o mesmo que tratar os espirro e não a gripe, como responsável pela debilidade do doente. Realmente é mais fácil taxar para aumentar a receita, do que buscar maior eficiência da deficitária máquina estatal.
Infelizmente presenciamos mais uma ocasião em que os princípios econômicos e a política andam em direções opostas. Com 37% de carga tributária, qualquer proposta de nova taxação, seja ela qual for, deveria ser repelida como se um vírus maligno fosse.
Gostaria ainda de deixar mais uma pergunta no ar: Se o governo não utilizou todo o orçamento disponível para a saúde, por que deseja criar uma nova CPMF com o argumento de que precisa desse novo recurso para a saúde?

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